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Ar Fresco

segunda-feira, janeiro 17, 2005

A estratégia falhada do PS

O PS lida hoje com um problema com o qual não contava. A dissolução do Parlamento e posterior demissão do Governo acelararam um processo que só deveria ocorrer em 2006. O PS não estava preparado, acabava de eleger um novo líder e procurava cimentar um projecto, apresentar uma oposição mais construtiva e a isto chamou-lhe: Novas Fronteiras (marcadas, desde há muito, para o próximo fim-de-semana).

O PS falhou ao não antecipar este evento. Primeiro, porque ainda está a prepará-lo (vejam-se as diversas reuniões de Sócrates com diversos sectores da sociedade). Segundo, porque apesar de a campanha ainda não ter começado oficialmente, toda a gente procura saber quais as ideias-chave dos partidos. Terceiro, e em consequência do atrás apresentado, têm surgido fugas de informação de dentro do partido o que levou a que Sócrates diariamente tenha de desmentir/confirmar/não comentar possíveis ideias associadas ao PS.

Assim, e enquanto o projecto socialista não é apresentado, Sócrates e o PS vão sendo confrontados diariamente com medidas prováveis para um futuro governo rosa, com medidas que descontextualizadas do programa global (as famosas "sound bites measures") podem parecer irreais ou inexequíveis, ou então confrontados com o facto de simplesmente não terem ideias.

Das duas uma, ou afirmavam desde o início que só após as Novas Fronteiras falariam sobre o programa a apresentar para as próximas eleições e não comentavam qualquer notícia, ou então desde o início iam levantando o véu sobre medidas ou ideias de fundo e não números soltos de medidas avulsas que levam sempre a erros/trapalhadas e más interpretações.

Nota: O facto de termos uma democracia atávica em que a oposição tem de votar sempre contra levou a que neste momento Sócrates passe a ideia de estar em contradição consigo: quer manter intactas algumas medidas tomadas pelo Executivo PSD, as quais havia votado contra! Afinal em que ficamos, Sócrates era ou não a favor destas medidas? E se era porque votou contra?